Homem ferido em confrontos com a polícia morreu na madrugada de quinta-feira, no hospital
45025Morreu esta madrugada no Sumbe um homem alvejado nos confrontos entre a polícia e populares, durante o encerramento do mercado paralelo da feira na Zona 4 do Bairro do Chingo.
Vive-se um clima de tensão. A polícia de intervenção de Benguela, a pedido das autoridades do Sumbe, assumiu o controle do local onde o mercado estava instalado e do mercado novo, que lhe é contíguo.
Tudo começou no dia 17 de Janeiro, apenas 72 horas depois de a administração do município do Sumbe fazer saber, através dos órgãos de comunicação social estatais, da intenção de demolir todas barracas existentes no mercado do Bairro do Chingo, que era considerado a principal “bolsa de valores” na região.
Se assim a administração programou, o cumprimento foi imediato e no dia 17, com máquinas e efectivo policial, foram levados a cabo os intentos oficiais, isto é, demolidas as barracas, na presença dos proprietários.
Os vendedores não se calaram e, com objectos contundentes, partiram os vidros da viatura do administrador adjunto, Américo Alves Sardinha, e danificaram a máquina Caterpilar que procedia ao derrube das barracas.
Por ordem do administrador adjunto a polícia, que fora para o local para manter a ordem e tranquilidade públicas, dispersou, com uma saraivada de balas, metade da população no local, sobretudo mulheres. Em consequência desses disparos um homem que parenta ter 27 anos de idade foi alvejado no ombro tendo 72 horas depois encontrado a morte no hospital local. As autoridades impediram o acesso dos jornalistas ao hospital e aos familiares da vítima.
O executivo local solicitou, entretanto, do governo da vizinha província de Benguela, efectivos da Polícia de Intervenção Rápida com todo material bélico necessário.
Doze horas depois, os efectivos de Benguela chegaram ao Sumbe e montaram o seu quartel-general no já destruído mercado da feira, junto do actual mercado que apenas alberga 480 vendedores contra os mais de 2.000 do mercado anterior.
Os munícipes reprovam a atitude da polícia, da administração, do governo do Kwanza-Sul e até do partido maioritário o MPLA como é o caso de Chico Húngaro de 56 anos de idade e funcionário público, coordenador adjunto do MPLA no Bairro do Chingo.
“O que se passa na cidade do Sumbe com relação a mudança da praça para outro local, é a falta de um princípio de uma governação boa”, disse Húngaro numa entrevista à VOA.
“O governo – prosseguiu – ainda não fez o cadastramento, que devia ter feito para não acontecer o que aconteceu. Onde as pessoas estavam, eram mais ou menos três mil pessoas e fizeram uma nova praça de quatrocentas pessoas, logo é ínfimo. Então houve sublevação das pessoas, reclamações, porque a praça teve interesses de alguns governantes. A governação no município está mal. Se o governo continuar assim, o MPLA nas próprias eleições deixa de ter cinco deputados no Kwanza-Sul e fica engolido por outro partidos políticos porque a verdade de que as pessoas votaram não corresponde com o funcionamento do próprio governo aqui no Kwanza-Sul.”
Chico Húngaro, adianta que “o executivo do senhor [governador provincial] Serafim do Prado, com todo respeito, devia sair já daqui; e o presidente da República tem que saber isso porque, não é assim que se deve governar. A proximidade do governo junto do povo é que dá uma boa governação e enquanto isso não acontecer vai haver problemas em todos os sectores a nível do Kwanza-Sul”.
VOA
Qui, 20 de Janeiro de 2011
Notícias - angola24horas
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