Sumbe comemora 93 anos
Durante a última semana a cidade do Sumbe foi pequena para acolher a multidão que se deslocou para festejar, dançar e vibrar ao lado de alguns dos melhores cantores nacionais da actualidade, e de alguns músicos estrangeiros convidados na 10.ª edição do maior Festival Internacional de Música em Angola, FestiSumbe 2010.
Yuri da Cunha, Heavy C, Anselmo Ralph, Irmãos Almeida, Big Nelo, Afroman, Danny L, Bangão, Sandocan, Kristo, Cabo Snoop, As Gingas do Maculusso, Calabeto, Proletário, Givago e ainda Nacobeta, Puto Português, Própria Lixa e Gisela Silva foram alguns dos nomes sonantes que desfilaram durante os dias 17 e 18 no palco da marginal da cidade do Sumbe, na província do Kwanza-Sul.
Cento e vinte mil watts de som cobriram toda a extensão da marginal do Sumbe.
O cenário, colorido pelos slides, e o palco em forma orbital, com uma dimensão de 16 metros de largura e 11 de altura, proporcionaram aos presentes dois dias de muita folia. O festival que contou ainda com a animação dos Tunezas e a Ravs dos DJs convidados, teve participação dos músicos locais Lucas Mendes “Fulinho”, Vidal Rodrigues, Nolasco, Kutululuka, Arsênio, Mamberna e Pioneiro Ngangula.
Instrumentalmente os artistas estavam acompanhados pelas Bandas Movimento, Maravilha e Dendém. Destacaram-
-se ainda os convidados estrangeiros Beto Dias e Suzanna Lubrano vindos de Cabo Verde e o grupo Só Para Contrariar do Brasil. O público teve momentos especiais de carinho com os seus ídolos musicais que calorosamente autografaram as suas obras discográficas aos fãs.
A marginal esteve lotada por gente oriunda de várias províncias de Angola. Com destaque para o Bié, Huambo, Luanda, Benguela e Huíla, que, ávidos de animação, se deslocaram a esta província do Kwanza-Sul.
Mas no passeio não se cruzavam apenas os nacionais. Chineses, indianos, cubanos e outros que a seu bel-prazer entrosavam-se com os nativos para festejarem os 93 anos da cidade do Sumbe.
As tendas de campismo e as barracas de comes e bebes, espalhadas por toda a extensão daquela marginal, caracterizavam o cenário que, durante o último fim-de-semana, foi das ruas mais movimentada do país.
O show musical ocupava as noites dos campistas enquanto que aproveitavam de dia para um mergulho na linda praia, e para a compra de brindes e bijuterias ao longo
da marginal.
Os brindes mais solicitados foram as impressionantes criações manufacturadas pelos rastamens que entretiam o público com músicas e danças características do Movimento Rastafári. Houve ainda quem aproveitasse o momento para fazer tatuagens corporais.
Os petizes também
foram lembrados
Ao contrário das edições passadas, a Sector 7, empresa organizadora do evento, inovou e apresentou um espectáculo que procurou abranger todas as faixas etárias. Eram nove horas da manhã quando centenas de petizes se juntaram no parque, improvisado na marginal, para o passatempo prometido aos mais pequenos pelos organizadores.
O singelo parque proporcionou às crianças momento de pura diversão.“Foi muito bom porque pulámos, dançámos, gritámos e brincámos com outros meninos vindos de diferentes localidades do país”, disse o pequeno Gelson dos Santos.
Hotéis e Albergarias
com lotação esgotada
Quem deixou a reserva para a última hora, teve muitas dificuldades, facto evidenciado pela enchente que se registou nos hotéis, pensões e hospedarias da cidade.
“Parte das reservas começaram a ser feitas com um mês de antecedência. Temos hóspedes vindos de Luanda, Benguela, Lubango e alguns do Huambo e do Bié”, disse o recepcionista de uma das hospedarias, salientando que “houve também reservas feitas por cidadãos de nacionalidade estrangeira”.
Na hora das refeições, a escolha da maioria ia para as barracas dispostas ao longo da marginal onde se encontrava os bons quitutes da terra, desde o calulu de carne seca aos mufetes, porquanto os restaurantes se apresentavam sempre cheios.
Ao pequeno almoço, a maioria preferia o caldo de peixe e mandioca ou a boa sopa de feijão. Mas tinha que ser às primeiras horas do dia.
O aprazível trajecto
até a cidade
Três horas foi o tempo que a nossa reportagem levou a chegar à cidade do Sumbe, cumprindo assim os cerca de 320 quilómetros que separam a província de Luanda ao cidade do Sumbe. Algumas paragens foram tidas como obrigatórias: a encantadora barra do Kuanza, localizada a 72 quilómetros de Luanda, onde o momento é para a pose fotográfica. E, já bem a meio do percurso, o mercado do Longa para degustar da carne fresca assada na hora, acompanhada acompanhado do bom e nutritivo funge de milho.
Após mais hora e meia de percurso eis que nos deparamos com a placa que nos dava as boas-vindas à cidade pesqueira de Porto e Amboim separada por cerca de 80 quilómetros da tão almejada cidade do Sumbe. A inclinação de 10 por cento do Chingo deu-nos então as boas vindas à festiva cidade. Para quem pela primeira vez se deslocava para o Sumbe foi notória a satisfação ao deparar-se com o excelente tapete asfáltico que nos conduzia até a província do Kwanza-Sul.
“A viagem por estrada pelo país já não é tão cansativa, as vias estão em boas condições” disse Paiva Viage, um dos forasteiros, realçando que “as sinalizações e a constante presença da Polícia Nacional ao longo da via proporcionam maior segurança aos viajantes”.
O Festisumbe é anualmente realizado pelo Governo Provincial do Kwanza-Sul, desta vez, em parceria com a Sector 7, empresa produtora de eventos.
Inaugurações em alusão as festividades
Incluído no programa local, o Festival Internacional de Música do Sumbe de 2010 foi antecedido por uma série de eventos organizados pelo Governo Provincial do Kwanza-Sul em parceria com o Ministério da Juventude e Desportos.
Gonçalves Muandumba, Ministro da Juventude e Desportos, procedeu na sexta-feira, 13, à inauguração da Casa da Juventude, localizada no bairro do Chingo, e ofereceu, na ocasião, equipamentos musicais, pedindo aos beneficiários que conservem o imóvel, construído no quadro do Programa Nacional de Investimentos Públicos.
A casa dos jovens dispõe de um auditório, bar, salas para cursos de informática e outros espaços para diversão.
Seguiu-se a inauguração do Largo da Liberdade, localizado à frente da Sé Catedral, onde o corte da fita coube ao Governador da província, Serafim do Prado, e a bênção sagrada ao bispo da cidade, Benedito Roberto.
Finalmente o vice- -governador para o sector económico e social, Mateus Alves Morais de Brito, fez o corte da fita para a inauguração da tão almejada Escola Primária do Kilenda ao 1.º de Maio... Bem haja
a cidade do Sumbe!
Ao longo da marginal
O ambiente durante os dois dias era de muita adrenalina.
As barracas de comes e bebes, espalhadas ao longo de toda a marginal, proporcionaram aos acampados momentos de pura degustação. Durante o dia, enquanto uns aproveitavam a sombra das palmeiras para descansar, outros preferiam passear ao longo da marginal para a compra dos diferentes brindes expostos ao longo da via.
O estádio Municipal
Comandante Hoji-ya-Henda
Enquadrado nas festividades da cidade, Gonçalves Muanduma testemunhou a entrega do Estádio Municipal de Futebol Comandante Hoji-ya-Henda, que albergou o Torneio Internacional da modalidade entre as equipas do Recreativo do Libolo, 1.º de Agosto, Kabuscorp do Palanca e Sporting de Portugal sub-19.
Eram 20h15, quando o ministro foi chamado a dar o pontapé de saída do torneio, onde o Kabuscorp do Palanca perdeu frente ao Sporting de Lisboa por 1-3. No segundo desafio o 1.º de Agosto perdeu com o Libolo por 0-1.Vencidos e vencedores defrontaram-se no dia seguinte, onde o Libolo, comandado por Mariano Barreto, foi o grande vencedor do torneio.Mais de três mil pessoas estiveram no estádio. A obra foi orçada em dois milhões de dólares americanos.
MEGA FESTA com os irmãos setas
As mega festas, organizadas pelos irmão Setas, tornaram-se no cartão de visita do FestiSumbe. Cerca de três mil pessoas estão presentes anualmente no evento que, durante dois dias, anima os noctívagos do festival. E ao preço único de cinco mil kuanzas, a festa com direito a bebidas e assados, só termina depois do meio-dia.
A boa música e a iluminação estão a cargo do conceituado DJ Malvado.
Waldney Oliveira
23 de Setembro de 2010
Ministro Gonçalves Muandumba quando procedia o descerramento da placa
